Apologética Católica define-se como todo o esforço que tem como objetivo o esclarecimento e a defesa sistemáticas e bem fundamentadas dos dogmas e princípios católicos perante a sociedade. É parecido com os vários tipos de Apologética existente, mas difere substancialmente no fato de a Apologética Católica só ter a função de defender a Igreja Católica, enquanto que a Apologética em geral tem o objetivo de defender o Cristianismo como um todo. A apologética católica desenvolve-se principalmente nos âmbitos teológicos e sócio-políticos.
Âmbito teológico
A apologética católica no âmbito teológico diz respeito ao testemunho da relação entre os dogmas de fé professados pela comunidade e as suas doutrinas com os diversos contextos nos quais o Cristianismo se confronta com o variado desafio da tradução e do confronto. Os apologetas católicos seguem diversas orientações. Entre elas, uma é a que vê como missão dos apologistas católicos a de convencer que os ensinamentos do Magistério da Igreja Católica não são contrários ao Depósito da Fé que os Santos Apóstolos confiaram à Igreja nascente. Seu principal objetivo é convencer que a Igreja dos primeiros séculos é a própria Igreja Católica. []Âmbito sociopolítico
Aqui a apologética se concentra em combater na sociedade moderna as idéias ou movimentos que do ponto de vista da doutrina católica são entendidos como contrários ao Evangelho de Cristo. Um exemplo disto está no atual debate sobre a discriminalização do aborto, a união civil entre pessoas do mesmo sexo e a eutanásia. BREVE HISTÓRICO
[]Período Apostólico
Na Igreja Cristã primitiva existiram
apóstolos apologetas como
São Paulo (cf. 2Coríntios 10,5),
São Pedro (cf. 1Pedro 3,15),
São Judas Tadeu (cf. Judas 1,3), entre outros. A
apologética que todos eles promoviam era principalmente dirigida contra os judeus e cristãos-judaizantes, os quais dificultavam a adesão de novos fiéis cristãos.
Com efeito, os melhores exemplos da apologética do primeiro século se encontram no
Novo Testamento. O livro dos
Atos dos Apóstolos relata (18,24-25.27-28) que existiu um homem chamado
Apolo que promoveu a defesa da fé de uma maneira audaz: "Entrementes, um judeu chamado Apolo, natural de
Alexandria, homem eloqüente e muito versado nas Escrituras, chegou a
Éfeso. Era instruído no caminho do Senhor, falava com fervor de espírito e ensinava com precisão a respeito de Jesus (…) A sua presença foi, pela graça de Deus, de muito proveito para os que haviam crido, pois com grande veemência refutava publicamente os judeus, provando, pelas Escrituras, que Jesus era o
Messias" .
Outra corrente religiosa que ampliou a apologética neste período foi o denominado "
Gnosticismo cristão", o qual foi definitivamente derrotado no período seguinte, com a ajuda e intelectualidade de
Ireneu de Lião(+202).
[]Período Patrístico
A literatura cristã do século II d.C. é sobretudo apologética, combatendo
judeus,
pagãos e imperadores.
Justino Mártir aponta o cumprimento da profecia bíblica no
Cristianismo. No século III,
Tertuliano continua, com coragem, a apologética. Em Alexandria, Clemente compõe uma exortação à conversão chamada "O Protréptico".
Orígenes sucede
Clemente de Alexandria e refuta as acusações do pagão Celso em sua obra "Contra Celso". É com este autores, em especial, que a
apologética alcança o refinamento filosófico.
Minúcio Félix (século III),
Arnóbio de Sica e
Lactâncio (século IV) dedicam obras visando a conversão dos romanos.
Eusébio de Cesaréia, em sua "Preparação Evangélica" refuta
Porfírio e vê, com
Atanásio de Alexandria, a queda do
Paganismo no
Império Romano. No século V,
Teodoreto de Ciro, redige uma "Suma contra o Paganismo", objetivando eliminar as reminiscências pagãs.
Jerônimo e
Agostinho de Hipona, no Ocidente, fazem brilhar a apologética cristã em obras como "Contra Helvídio" e "
A Cidade de Deus". Sucedem-lhes nesta tarefa
Orósio,
Salviano,
Leão I e
Gregório I.
[]Idade Média
No século VII, a
apologética passa a responder aos
muçulmanos.
João Damasceno escreve diálogos entre
cristãos e muçulmanos;
Isidoro de Sevilha (século VIII),
Pedro Damiano (século XI),
Ruperto de Deutz(século XII) publicam debates.
Abelardo redige um diálogo entre um filósofo, um judeu e um cristão. No século XIII,
Tomás de Aquino escreve a "Suma contra os Gentios", abordando questões como a
existência de Deus, a
imortalidade da alma, a
Santíssima Trindade e a
Encarnação do Verbo. Na mesma época,
Ramón Martini escreve contra os
sarracenos;
Torquemada e
Dionísio Cartuxo escrevem contra os muculmanos. A partir do século XIV, as escolas de
Scoto e
Ockham passam a sustentar que só é possível alcançar a fé pela razão. Durante o
Renascimento,
Ficino elabora uma síntese entre a filosofia
platônicae a fé cristã, defendendo a imortalidade da alma e a
divindade de Cristo.
[]Do século XVI ao século XVIII
[]Século XIX
No final do século XVIII ocorre a reação contra o
Racionalismo ilustracionista. Na
Alemanha é introduzida uma nova defesa da fé: o instinto religioso dá origem à fé. Defende-se o
monoteísmo como modelo de
religião. Na
França, renasce o catolicismo romântico: o
papado é essencial contra a
anarquia religiosa e para aderir à fé é necessário aceitar a
Revelação. Na
Espanha, destacam-se
Jaime Balmes e
Juan Donoso Cortés. Na Alemanha, G. Hermes sustenta que a razão prática demonstra que a aceitação da fé é essencial para o imperativo moral. Na
Itália, G. Perrone se centra na religião revelada, replicando aos críticos racionalistas dos Evangelhos. Na
Inglaterra,
John Henry Newman investiga o caminho pessoal para a fé: o
Cristianismo seria a única religião que responde à fé natural. Nos
Estados Unidos, dois ex-protestantes, O. Brownson e I. Hecker reavivam a apologética católica no país. O
Concílio Vaticano I (1870), que definiu a
infalibilidade do Papa nos assuntos de fé e moral, pronunciados
ex cathedra, aumenta o alcance da
apologética, apoiando dois estilos: um bíblico e histórico e outro experimental e eclesial. Enquanto isto, a apologética protestante se divide em duas escolas principais, uma conservadora, que rejeita os avanços científicos, e outra liberal, que os aceita.
[]Século XX
M. Blondel estuda o dinamismo da vontade, que apenas se satisfaz com o dom sobrenatural. Assim, a
apologética deverá demonstrar que o
Cristianismo satisfaz o desejo sobrenatural inerente (método da imanência). Na Alemanha, a apologética recorre à
fenomenologia. Nos anos 1930 e 40 se verificam muitíssimos testemunhos de conversão: T. Merton, E. Gilson,
Jacques Maritain, entre outros. T. Cardin tenta uma síntese entre ciência e fé. Enquanto isto, neo-ortodoxos como K. Barth e R. Bultmann rejeitam a apologética. P. Teillich refuta Barth, afirmando que a apologética encontra-se onipresente na
Teologia Sistemática. O
anglicanismo dá à luz ótimos apologistas leigos como
G. K. Chesterton (que mais tarde se converterá ao Catolicismo) e
C. S. Lewis (o qual possui uma visão muito próxima do
Catolicismo). Com o
Concílio Vaticano II, passa-se a insistir mais no diálogo com os não-católicos o que, aliado com uma duvidosa interpretação promovida por grupos liberais, faz com que a apologética católica entre em declínio e praticamente desapareça. Mas o avanço vertiginoso dos
novos movimentos religiosos cristãos e não-cristãos (alguns professando doutrinas explicitamente condenadas pela Igreja primitiva) e a expansão da Internet fazem ressurgir a tradicional apologética católica, inseparável da fé e da
Teologia.Objetivos
[]O diálogo com os ateus
A apologética católica, no diálogo com
ateus, pretende convencer-lhes principalmente da existência de
Deus. Acreditam que tudo o que existe deve-se ao ato criador de Deus; por isso, afirmam que nada surgiu por acaso. Alguns apologistas que trabalham nesta linha questionam a
Teoria da Evolução, que é o principal argumento dos ateus contra o
Criacionismo.
[]O diálogo com as religiões monoteístas
No diálogo com judeus e muçulmanos, a apologética católica quer convencer que o Cristianismo é o cumprimento das promessas e profecias messiânicas anunciadas pelos Patriarcas e Profetas, segundo as quais
Jesus Cristo é o
Messias prometido não somente a
Israel mas a todas as nações.
Com o
protestantismo, o diálogo pretende demonstrar a continuidade da doutrina católica com a Fé dos primeiros séculos e a concordância com as
Sagradas Escrituras, além de defender a existência da sucessão dos apóstolos, o primado do
Papa e a impossibilidade da doutrina protestante da
Sola Scriptura.
[]O diálogo com as religiões politeístas
O esforço na conversa com as religiões politeístas se propõe em defender a ordem da criação como resultado da inteligência de
Deus e a ordem no Céu. Segundo esta proposição, todo bem vem e se orienta para Deus, que no dizer de São
Tomás de Aquino é a Causa das Causas.
[]Principais desafios
A grande maioria dos
católicos reconhece que nada ou pouco sabem sobre a Doutrina Católica e isto, segundo os apologistas católicos, favorece a ação proselitista e expansionista de outras religiões.
Por outro lado, embora o crescimento das denominações protestantes seja um grande entrave, não é o principal, uma vez que cada uma delas possui doutrinas diversas entre si (algumas coincidentes com a doutrina católica, outras parcialmente coincidentes e outras ainda diametralmente divergentes), aumentando consideravelmente o trabalho de defesa dos apologistas católicos ante a confusão religiosa daí oriunda.
Por outro lado, a quantidade de igrejas orientais ortodoxas na América não é expressiva, não constituindo, portanto, em preocupação para os apologistas católicos de línguas portuguesa, espanhola e inglesa.
Você também é um Apologeta ,chamado a defender a Santa Igreja !